sexta-feira, 3 de julho de 2009

Líricas


Mauricio Micharay

Produzido por Zeca Baleiro e Walter Costa e distribuído pela Universal Music – é mais um belo trabalho do músico e compositor Zeca Baleiro, este que é uma grata surpresa no cenário da música popular brasileira. Esse mestre da palavra cantada continua explorando sua especialidade em letras simples e contundentes, porém, dessa vez, utilizando-se de uma roupagem acústica que imprime ao álbum uma textura suave e melancólica. Além de uma execução impecável de Zeca à voz e ao violão (que toca também alguns instrumentos de percussão), participam da obra músicos de grande qualidade e renome como: Tuco Marcondes, Flávio Guimarães (Blues Etílicos), Celso Fonseca, Carlos Ranoya, Webster Santos, Arthur Maia, Sacha Amback e Ná Ozzeti, entre outros.

Como pano de fundo para os violões, banjos e bandolins estão os violinos, violas, cellos e instrumentos de sopro regidos por Eduardo Souto Neto. Foram também utilizados instrumentos típicos de culturas regionais como: o ganzá, o bombo leguero, o afoxé, os maracás, o agogô, a moringa e o triângulo; instrumentos estranhos como: o sacha bombo, o berimbau indiano, a guitarra portuguesa, o tambor-onça e a matraca marroquina; e instrumentos um tanto inusitados como: panela, caixa de papelão, lista telefônica e frigideira.

Abordando temas universais com um jeito bem brasileiro, esse maranhense de São Luis mostra todo o encanto de uma música popular em ritmos como blues, country, reggae travestido, toada e “modinhas rock’n’roll”. Destaque para as músicas: “minha casa”, “quase nada”, “banguela”, “nalgum lugar” (poema musicado de E. E. Cummings sobre a tradução de Augusto de Campos) e a excelente versão para “proibida pra mim” do Charlie Brown Jr.
O encarte é informativo e de muito bom gosto, contendo, inclusive, considerações de Baleiro a respeito dos critérios de composição, arranjamento e escolha de cada música do álbum.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Rage Against The Machine


Mauricio Micharay

álbum de estréia da banda americana de nome homônimo – pode ser descrito apropriadamente como um verdadeiro bombardeio sonoro aos ouvidos dos mais desavisados! No entanto, este não é o único mérito da obra deste grupo que conta com o inconfundível vocal de Zack De La Rocha, com os grooves firmes e estrondosos de Timmy C. no contrabaixo, com a batida simples e certeira do baterista Brad Wilk e com os incríveis ‘ruídos’ da guitarra de Tom Morello. A produção do CD é simples, sem grandes efeitos de mixagem e sem a utilização de samples, teclados ou sintetizadores – como o próprio encarte faz questão de mencionar (aliás, tudo o que soa sintetizador nesta gravação, vem dos efeitos da guitarra de Morello). Contam apenas com os vocais adicionais de Maynard James Keenan e com a percussão em latas de lixo de Stephen Perkins. Assim, a sonoridade da gravação cumpre sua meta raivosa de sacudir as estruturas do capitalismo selvagem americano, com letras que criticam desde o sistema educacional até o político e conclamam a uma verdadeira revolução mental por parte das camadas menos favorecidas, o que fica bem explícito na faixa “take the power back”. Não existem grandes variações sobre o tema, tanto na linha de criação instrumental quanto nas letras, mas isto não chega a aborrecer o ouvinte (que certamente pulará do início ao fim do disco), afinal, esses caras parecem ter encontrado a medida certa entre o hip hop, o funk americano e o heavy. O destaque fica com as faixas “bullet in the head”, “freedom”, “know your enemy” e “take the power back”, além da consagrada “killing in the name”. Para os fãs de plantão, que viram o grupo dissolver-se com a saída de Zack e formarem o Audioslave em meados de 2003, uma boa notícia: há boatos de que os caras estão querendo ressurgir das cinzas...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Jimi Hendrix

Mauricio Micharay

“South Saturn Delta” (1997), MCA – Universal Music, é uma compilação produzida por Janie Hendrix, Eddie Kramer e John McDermott. O CD nos remete à criatividade de Hendrix no período de quatro anos em que, sua cabeça transbordante de novas idéias necessitava de um meio de registro que não a pauta musical. Assim, o guitarrista mais criativo da história gravou em fita magnética: demos de hotel e jam sessions em clubes noturnos com seus gravadores móveis, além de gravações formais no “Olympic”, no “Record Plant”, e no seu próprio “Eletric Lady Studios”.
“South Saturn Delta” contém 15 faixas que nos dão uma idéia das diversas facetas deste artista e das tendências que estava inclinado a seguir pouco antes de sua morte. O álbum inclui versões diferentes para algumas faixas dos álbuns “Jimi Hendrix Experience”, “Gypsy Sun & Rainbows” e “Band of Gypsys”. Em uma obra que engloba incursões em blues, baladas, rock, rithm’n’blues e jazz, preciosas pérolas como “Tax Free”, “Look Over Yonder”, e “Pali Gap”, aparecem ao lado de registros inéditos como “Here He Comes (Lover Man)”, “Message To The Universe” e “Midnight Lightning”.
Registrando um processo criativo único, o álbum apresenta canções ainda em processo de desenvolvimento como “Little Wing” (instrumental ainda com arranjos que, mais tarde serviriam à composição da canção ‘Angel’) e All along The “Watchtower”, de Bob Dylan.
Juntamente com “First Rays Of The New Rising Sun” – que reconstitui o lendário álbum duplo em que Jimi Hendrix trabalhava quando se deu sua morte em setembro de 1970 – “South Saturn Delta”, que tem uma sonoridade invejável a muitas produções atuais, nos dá uma pequena idéia do que este jovem e fértil artista poderia nos oferecer se ainda fosse vivo, refletindo a genialidade deste fenômeno da música popular mundial.

Fonte de Pesquisa: Encarte do CD nacional.

domingo, 21 de junho de 2009

Um disco que vale a pena conhecer


Guilherme Barbieri Corá

The Dark Side of the Moon, álbum conceitual da banda inglesa Pink Floyd, de 1973, é, nada mais, nada menos, que seu disco mais importante, recorde de vendas, o mais aclamado de todos os tempos e ainda hoje é um dos álbuns clássicos do rock a permanecer no gosto do público.
Isso acontece, principalmente, porque as letras falam sobre coisas do dia-a-dia, o aproveitamento e a passagem do tempo, sobre a sociedade e a ganância pelo dinheiro, sobre o ser e o ter, as divisões em classes sociais e sobre a loucura.
Essas peças juntas formam a obra como um todo e fazem com que poderia ser apenas um disco de rock progressivo transformar-se em um sucesso popular mundial.
O primeiro sinal de que este disco sairia diferente dos anteriores não está na elegante capa que representa um prisma triangular, nem na primeira faixa (Speak to Me) composta pelo baterista Nick Mason (perfeita para um disco de progressivo, com suas vozes, risos, gritos e batidas de coração), mas sim na temática das letras inteligentes e diretas de Roger Waters.
Pode-se dizer que, como nunca antes, todos os membros trabalharam em conjunto para criar a obra que se tornou o início do fim da banda.
A faixa instrumental On the Run, uma das primeiras da hitória que utiliza sequenciadores e sintetizadores abre o segundo ato, seguidodo barulho das caixas registradoras da música Money (dinheiro em inglês), a seguir temos a emocionante Us and Them, que de início não entraria no álbum, pois foi composta para um documentário e fala sobre as desigualdades e a falta de compaixão. A seguir vem a faixa instrumental Any Color You Like, na qual David Gilmour mostra suas habilidades na guitarra, e Brain Damage, em que Waters questiona o que é a loucura. Para finalizar a obra, a música Eclipse. Se você ainda não conhece, vale a pena ouvir.